1 de novembro de 2008

A Política Cultural e o Funcultura

OPINIÃO
Os setores culturais e artísticos de Pernambuco, desde a divulgação do resultado da seleção de projetos aprovados do Fundo de Cultura do Estado de Pernambuco estão possibilitando diversos debates sobre critérios, regulamentação, comissão deliberativa, representatividade, democracia vindos obviamente de alguns produtores culturais que não tiveram seus projetos aprovados. Esse movimento é bastante interessante por dois aspectos, primeiro mobiliza e articula a classe em torno de assuntos coletivos e que envolvem diversos atores no campo da política cultural e segundo mostra a incapacidade de alguns de elevar o nível da discussão para temas importantes para essa mesma coletividade, ficando no campo apenas especulativo, com objetivos obscuros, sem uma análise importante para os dias que vivemos hoje em Pernambuco, mesmo se dizendo politizados e lutadores da democracia, da transparência e da legalidade.
As perguntas que não querem calar são as seguintes: quando esse grupo de pessoas vão se pronunciar em relação à contribuição ou não dos projetos aprovados para a Política Cultural que está em construção em Pernambuco? Quando será apresentada uma pesquisa, mesmo que seja com métodos duvidosos, fazendo um paralelo entre o que está escrito nas propostas das diversas reuniões e fóruns realizados com a classe cultural e os projetos aprovados pela comissão.
Além de entrar no campo do denuncismo gratuito em relação à Comissão Delibera tiva do Funcultura, essas pessoas estão desrespeitando os Produtores Culturais que tiveram seus projetos aprovados de forma legitima. Esses produtores são profissionais, na sua maioria, interessados em contribuir para o desenvolvimento das diversas cadeias produtivas da cultura, para diversidade cultural de Pernambuco e para construção de uma Política Pública de Cultura, maior reivindicação da classe nos últimos dez anos.
É óbvio que o sistema deve ser permanentemente melhorado, objetivando seu aperfeiçoamento, transparência e legitimidade, mas também é obvio o oportunismo de pessoas que deveriam estar contribuindo no dia a dia para o nível de politização do setor cultural, ficar atraindo centenas de produtores para o inverso do processo de construção, tentando levar esses produtores a acreditar que estamos no caminho errado, no caminho da panelinha, do apadrinhamento, da corrupção. Lamento dizer a essas pessoas que eles não vão conseguir, porq ue esses produtores culturais que eles tentam manipular não são massa de manobra e percebem o discurso oportunista e vazio.
Recomendo a essa pessoas que caso identifique irregularidades, que levem as provas ao Ministério Público e o façam com propriedade, porque esse é o papel de um cidadão que está interessado na preservação das nossas conquistas coletivas. Não podemos aceitar que vá adiante um processo de desqualificação das conquistas que começaram lá atrás com a luta e o engajamento de muitos. Saímos de um Sistema de Incentivo à Cultura pernicioso, arcaico, que era decidido nos escritórios das empresas privadas desse estado. Conquistamos um formato que era da vontade da maioria, com mais recursos e poder para os produtores e artistas. Com o Funcultura criamos as bases para a construção de uma Política Cultural representativa e democrática, porque foi e é através desses mecanismos que o setor cultural se articula, mesmo que seja para escut ar os discursos sem fundamento de quem não bateu um prego para essa construção.
Com as articulações proporcionadas a partir do Funcultura nós temos hoje no estado de Pernambuco uma Política Cultural em curso, realizando um trabalho em conjunto com os setores culturais dos municípios e realizando convênios com o Governo Federal através do programa Mais Cultura, como o que vai potencializar 120 locais produtores de arte e cultura, fortalecendo a Rede dos Pontos de Cultura.
Pela primeira vez nós temos uma política clara de valorização da Cultura Popular, criada com a contribuição dos 36 Pontos de Cultura já existente em Pernambuco, em conjunto com o Poder Público, Imprensa, Pesquisadores, Grupos Culturais, Mestres, Fundações, Universidades, Conselhos, Fóruns, Prefeituras e Sociedade Civil.
No campo do cinema, das artes cênicas, da pesquisa cultural, literatura e artes visuais os avanços são palpáveis. Sabe-se que precisamos avançar e muito, mas os setores organizados e independentes da cultura pernambucana não vão aceitar um retrocesso, protagonizado por pessoas que estão sentindo seus projetos pessoais serem prejudicados e que não estão nem aí para o processo coletivo. Temos sim é que ter a inteligência para saber a melhor estratégia e à hora de propor as das mudanças, para que avancemos, com mais recursos, mais estrutura, mais transparência, mais tecnologia e obviamente mais projetos aprovados.
Afonso Oliveira - 26/10/2008
Produtor Cultural

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