29 de dezembro de 2008

O nutricionista e a segurança alimentar

*Nelcy Ferreira da Silva

A preocupação cotidiana com a garantia do direito humano à alimentação adequada e segura é um dos grandes focos da atuação do nutricionista, na medida em que a insegurança alimentar, além de ferir este direito, pode se manifestar de diversas formas, como doenças associadas à má alimentação, à fome e ao consumo de alimentos que não são seguros e, portanto, prejudiciais à saúde. Para combater todos esses problemas, esse profissional se dedica, entre outras práticas, à promoção de uma alimentação saudável. Dentro desse enfoque, a saúde coletiva é uma área bastante paradigmática, pois nesse campo de atuação, o nutricionista oferece uma grande contribuição social fora das paredes de um consultório ao se relacionar com recursos institucionais existentes na comunidade, como creches, escolas, organizações comunitárias, igrejas. Com esse envolvimento e engajamento social, ele é importante ator na luta pela garantia da segurança alimentar e nutricional (SAN) e, portanto, na realização do direito humano para todos da comunidade. Como ainda é baixa a cobertura desta atenção nas ações de interiorização em todo o Brasil, entendemos que a ausência do nutricionista em diversas regiões onde a desnutrição e a má alimentação se manifestam de forma preocupante está sendo contornada por um dos mecanismos criados pelo Governo Federal de inserção do profissional na Estratégia Saúde da Família neste ano. Isso deve ser celebrado como mais uma contribuição à segurança alimentar no país. Desde o início do ano, os gestores municipais podem criar Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), compostos por diversos profissionais de saúde. Entre eles, o município pode optar pelo nutricionista. Assim a comunidade local é beneficiada por um profissional capacitado para apoiar a realização de práticas educativas sobre a alimentação e a Nutrição, como a coordenação das ações de diagnóstico populacional da situação alimentar e nutricional, o estímulo à produção e ao consumo de alimentos saudáveis produzidos regionalmente e o atendimento a pacientes que sofrem de males relacionadas à alimentação e à nutrição. Seu trabalho inclui também o incentivo à produção agrícola local, o que leva à geração de renda e empregos na região.Neste ano, esse trabalho já se iniciou em diversos Nasf que contam com o trabalho de um nutricionista, que correspondem a 73% dos 341 Núcleos implantados em todo o Brasil nos primeiros meses dessa nova política, segundo dados do Departamento de Atenção Básica do Ministério de Saúde. A ampliação das ações de segurança alimentar e nutricional proporcionadas por esses núcleos é um grande desafio para o próximo ano, pois a meta do governo é colocar 1,5 mil Nasf em funcionamento até 2011. A se julgar pela grande proporção de nutricionistas já existentes nessas equipes grupos, é possível vislumbrar uma nova perspectiva de muito mais engajamento na luta pela segurança alimentar, somando esforços com os que já atuam em unidades produtoras de refeições, trabalhando também pela SAN. Dessa forma, mais nutricionistas já estão e estarão envolvidos e comprometidos com a luta para que a alimentação saudável faça parte da vida dos brasileiros. Isso é fundamental em um momento em que assistimos e a crise da alta de preço dos alimentos arrastar parte da população mundial para a insegurança alimentar. Com esse envolvimento crescente, avançamos no cumprimento de nossa responsabilidade social como profissionais. Neste ano em que comemoramos 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos e 100 anos de nascimento de Josué de Castro, uma grande referência na luta contra a fome, deixar essa contribuição à sociedade é uma honra para nós.
* Nelcy Ferreira da Silva é presidente do Conselho Federal de Nutricionistas, professora da Universidade Federal Fluminense e especialista em Saúde Pública pela ENSP/FIOCRUZ.
Fonte:
Site CONSEA
Fala Consea - 18/12/2008

17 de dezembro de 2008

Panorama da Fome na América Latina e Caribe: aumento dos preços dos alimentos e crise financeira desfazem 15 anos de avanços

A região teve êxito na luta contra a fome entre 1990 e 2005, mas a crise finaceira e o aumento dos preços causaram um retrocesso.

O aumento dos preços dos alimentos somado à crise financeira colocam em risco os avanços conseguidos pela América Latina e Caribe e a luta contra a fome desde 1990, alertou a FAO.
Na quarta-feira (10), durante o Dia Internacional dos Direitos Humanos, o Representante Regional da FAO para América Latina e Caribe, José Graziano da Silva, lamentou que o direito à alimentação ainda esteja ausente da vida de 963 milhões de pessoas ao redor do mundo.
"Infelizmente não entregamos números compatíveis com o que se celebra essa data. Ainda pior, retrocedemos nas metas que nós mesmos havíamos estabelecido, de reduzir pela metade o número pessoas com fome e vivendo em pobreza extrema no mundo até 2015", disse Graziano durante o lançamento do Panorama da Fome na América Latina e Caribe.
Segundo a publicação, entre 1990 e 2005, América Latina e Caribe diminuíram o número de pessoas com fome de 52,6 milhões para 45,2 milhões. Nesse período, os maiores avanços foram conseguidos na América do Sul, onde a população subnutrida caiu de 35,5 milhões a 28,8 milhões. Na América Central, houve uma redução de 5,5 milhões até 5,4 milhões, enquanto que no Caribe houve um pequeno aumento de 7,5 milhões a 7,6 milhões.
No entanto, o aumento dos preços dos alimentos aumentou para 51 milhões o número de pessoas que passavam fome em 2007. É provável que esse número tenha subido ainda mais em 2008 por causa dos preços dos alimentos, que continuaram subindo nos primeiros meses do ano, e da crise econômica.
Políticas públicas podem diminuir o impacto da crise - Ainda que a região e o mundo enfrentem uma situação complicada, o Representante Regional disse que a ação dos governos pode mitigar os efeitos da crise na segurança alimentar.
"Ainda existe tempo para os governos tomarem medidas para evitar que se concretize uma crise anunciada", afirmou Graziano, acrescentando que os governos deveriam ampliar o alcance das políticas sociais que muitos deles já colocaram em marcha.
Essas ações, destacadas no Panorama da Fome, incluem o reforço das redes produtivas e de segurança social, enquanto se formulam políticas que favoreçam a expansão da disponibilidade de alimentos no médio e longo prazo, através de investimentos em infra-estrutura rural e na agricultura.
Pelo lado da produção, as intervenções que melhorem a produtividade e o acesso a mercados de agricultura familiar de população rural pobre são chaves. Em países como Brasil, Chile, Colômbia, Equador e México, por exemplo, a participação desse setor na produção total agrícola varia entre 30% e 70%.
Informações
Panorama da Fome na América Latina e Caribe 2008:
Escritório Regional da FAO Lucas Tavares(56 2) 923 2176RLC-Prensa@fao.org
Representação da FAO no Brasil Isabela Dutra(55 61) 3038 2270isabela.dutra@fao.org
Fonte: Escritório Regional da FAO para América Latina e Caribe

15 de dezembro de 2008

Conselho de Turismo é instituído por Lei em Olinda

A Câmara de Vereadores de Olinda aprovou nesta quinta-feira (11), o projeto de lei sobre a criação, composição, estruturação, competência e funcionamento do Conselho Municipal de Turismo (Contur). O projeto foi enviado à Câmara pela Secretaria do Patrimônio, Ciência, Cultura e Turismo de Olinda (Sepacctur) na última quarta-feira (03).Na proposta, o Conselho funcionará como elo entre o governo municipal, a iniciativa privada, as entidades e a sociedade civil em busca da promoção do turismo sustentável e do desenvolvimento socioeconômico da população. Será um órgão colegiado de composição partidária, com 20 representantes do governo, da sociedade civil e entidades ligadas ao setor, responsável ainda por acompanhar as diretrizes do Conselho Nacional de Turismo.De acordo com diretora de Turismo de Olinda, Juliana Rezende, o Projeto de Lei sugere uma nova forma de condução do turismo municipal, na perspectiva de um modelo diferenciado de gestão pública, descentralizada e participativa. “A importância da criação do CONTUR está na soma de diferentes pontos de vista que se unificam num consenso para direcionar as ações pertinentes, a divisão das responsabilidades, a identificação das potencialidades e priorização das ações, além do enfoque no turismo como atividade econômica”, acrescentou.
Fonte:
SECOM/PMO
Ana Paula Gomeze

Prefeitos recebem Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escola

Quase 20% dos municípios brasileiros - exatos 1.022 - inscreveram-se, neste ano, no Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar, promovido pela organização não -governamental Ação Fome Zero. O certame tem por objetivo destacar os prefeitos que realizam gestões criativas e responsáveis do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Na primeira edição do concurso, em 2004, o número de inscritos foi de apenas 383.
Este crescimento foi celebrado pelo empresário Antoninho Marmo Trevisan, da Ação Fome Zero, na entrega do prêmio aos 25 municípios vencedores. "Além de destacar a atuação dos prefeitos, o Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar tem por objetivo disseminar estas boas práticas, para que sejam conhecidas e adotadas por outros gestores", afirmou Trevisan. "E o aumento do número de inscrições mostra o efeito multiplicador que ele está tendo".
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama Marisa Letícia - presidente de honra da ONG Ação Fome Zero -, o ministro Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e José Henrique Paim Fernandes, ministro interino do Ministério da Educação, estiveram presentes à cerimônia, realizada no início da tarde de hoje, 10, em Brasília. Na ocasião, o ministro Patrus Ananias falou da importância dos municípios para a execução das políticas públicas federais. "A merenda escolar faz parte de um projeto maior do governo federal, que é a Estratégia Fome Zero, ajudando a combater a fome e a desnutrição infantil em nosso país".
Indicadores - Paragominas, no Pará, foi o grande vencedor, com dois prêmios: Merenda indígena e/ou quilombola (nacional) e Eficiência nutricional - Região Norte (regional). Outro destaque foi Francisco Alves, no Paraná, que ganhou os prêmios de Desempenho administrativo-financeiro e de Participação social da Região Sul. Também foram agraciados na categoria nacional os municípios de Conchal (SP), em Desenvolvimento educacional do aluno; Rio de Janeiro (RJ), em Capitais e grandes cidades; Pinheirinho do Vale (RS), em Pequenas Cidades; Capitão Enéas (MG), em Semi-árido; e Coimbra (MG), em Valorização profissional das merendeiras.
O processo de avaliação dos municípios dura oito meses e são considerados quatro grandes indicadores: desempenho administrativo-financeiro, eficiência nutricional, participação social e desenvolvimento local. Cursos de capacitação e ações da prefeitura para melhorar a atuação das merendeiras nas escolas também são considerados.
Fonte: Assessoria de Comunicação do FNDE

11 de dezembro de 2008

Agricultura familiar e consumo de alimentos

O Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) promoveram, nos dias 4 e 5 de dezembro, oficina sobre o projeto de pesquisa "O perfil do consumo de alimentos e a geração de oportunidades para a agricultura familiar: uma análise das Regiões Metropolitanas de Recife e Belém".
Participaram da atividade, além do Dieese e Nead, representantes da Secretaria de Agricultura Familiar (SAF/MDA); da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT/MDA); da Companhia Nacional de Abastecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Conab/Mapa); e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
O projeto, que está em construção, irá viabilizar pesquisas que possam dar subsídio ao planejamento de ações para fortalecer o mercado interno de alimentos em Pernambuco e no Pará. "A idéia é, por meio do trabalho conjunto entre gestores e analistas de bases de dados, integrar as questões de produção e do consumo, analisando-as do ponto de vista territorial e do desenvolvimento local", explica Lilian Arruda Marques, assessora da Direção Técnica do Dieese.
A oficina teve início com uma apresentação do Dieese sobre o funcionamento da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (POF/IBGE). Foram analisadas as possibilidades da POF 2002/2003, que trouxe inovações como o estudo dos rendimentos e despesas não-monetários das famílias, dado importante quando se fala do meio rural (Nas áreas rurais, a parcela não-monetária - trocas, doações etc. - dos rendimentos é a segunda maior (23,3%), atrás dos rendimentos do trabalho (53,4%) e à frente das transferências (16,2%), entre outras).
O coordenador-geral do Nead, Carlos Guedes, fez uma apresentação sobre as possibilidades de análise do Censo Agropecuário, comentando como suas variáveis podem ser trabalhadas, tendo como foco os Territórios da Cidadania. Estão previstos diversos estudos em parceria com pesquisadores e centros de pesquisa e ensino brasileiros. Entre os temas a serem investigados, estão: estrutura fundiária a partir dos territórios; concentração de assentamentos e elementos de identidade e mobilidade social; o impacto das políticas públicas nos Territórios da Cidadania; questões de gênero; ambiente de mercado; educação nos assentamentos; expansão da monocultura e commodities agrícolas. "Estamos animados com o potencial da montagem dessa rede de pesquisadores, que vai nos permitir integrar os estudos de várias instituições aos dados do Censo", declarou Guedes.
Ainda foram apresentadas as possibilidades dos Registros da Conab/Mapa; do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf/SAF/MDA); e do Sistema de Informações Territoriais (SIT/SDT/MDA).
Fonte: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural

9 de dezembro de 2008

Aproveitar a crise para mudar o modelo

Edélcio Vigna*

No turbilhão de crises simultâneas, as populações dos países em desenvolvimento ou pobres são as mais impactadas. O crédito, já escasso, se torna inacessível. O custo de produção se eleva e os preços de venda dos produtos caem. Plantar é desestimulante, colher é prejuízo. As populações urbanas reclamam diante das prateleiras dos supermercados, que elevam seus lucros.
As grandes empresas varejistas obtiveram altos lucros com a venda de alimentos. A Wal-Mart lucrou US$ 4,1 bilhões em 2007; o Carrefour (francesa) teve um lucro de 1,9 bilhão de euros; a Monsanto saltou de um lucro de US$ 255 milhões em 2005 para US$ 993 milhões em 2007; e a ADM (Archer Daniels Midland Company), uma das maiores processadoras agrícolas do mundo, atingiu a marca de US$ 1 trilhão em 2008. .
A Conferência de Alto Nível sobre Segurança Alimentar, realizada este ano pela FAO, em Roma, reconheceu a necessidade de uma intervenção mássica de recursos para equilibrar produção e preços. Mas quase nada foi feito. O mercado continua desregulamentado; as holdings, imperando sobre (e com) os Estados. .
As crises se acumularam de tal forma que é necessário fazer um passo-atrás para recuperarmos a noção de onde estamos. Vamos retornar à década de 90, lembrar do surgimento da Nasdaq  a Bolsa de Valores da Informática -, criada para negociar as ações das empresas de novas tecnologias que brotavam como cogumelos nas garagens e porões norte-americanos. Esse novo espaço de reprodução do capital atraiu, das bolsas tradicionais, os acionistas arrojados que gostam de investimentos de alto risco. Esse deslocamento de capitais foi criando ao longo da década a bolha da informática. No início da década, a Nasdaq dispunha de ações de cerca de 1.100 empresas; no final da década, saltou para mais de 5 mil. Quando a bolha estourou, em 2001, sobraram pouco mais de mil empresas. Voltou ao patamar dos anos noventa. .
Pouco antes do estouro da bolha da informática os grandes investidores redirecionaram seus capitais para a Bolsa de Chicago, que trabalha com o mercado futuro de grãos. Ocorre que o mercado agrícola internacional só foi despontar como um espaço de reprodução acelerada do capital nos meados dos anos noventa, quando lançou seu site na internet. Esse processo linear está sendo esboçado para efeito pedagógico, pois em realidade é descontínuo e, muitas vezes, simultâneo. .
Os investidores começaram a se interessar pelas commodities agrícolas quando perceberam o caráter inversamente proporcional que esses contratos possuem em relação às ações tradicionais. Os preços das ações tradicionais caem quando as empresas entram em crise; já os preços das commodities sobem quando falta produto no mercado. Esse detalhe despertou os investidores que começaram a aplicar nos contratos do mercado de futuro. A estratégia dos especuladores é evitar a entrada de produtos no mercado real para que os preços virtuais subam. Assim, chegamos ao mecanismo disparador da crise dos preços das commodities agrícolas no mercado internacional. .
O investimento das grandes empresas agroalimentares na Bolsa de Chicago fez com que a circulação de capitais saltasse de US$ 20 bilhões em 2002 para US$ 110 bilhões em 2006, US$ 170 bilhões em 2007 e US$ 240 bilhões no início deste ano - um aumento de 1100% em seis anos! .
Neste período de aumento dos preços dos contratos e de grandes ganhos financeiros, sob a sombra da fome de países inteiros, o capital tomou diversos rumos, entre eles a compra de terras nos países em desenvolvimento, a criação de mega-oligopólios verticalizados na cadeia agroalimentar e a inversão em novas formas alternativas de energia como o agrocombustível, entre outros setores. .
Quando os estoques internacionais de alimentos começaram a despencar e o preço das commodities ficou inacessível, tornou-se evidente que a bolha alimentar ia explodir. Os primeiros a sentirem os efeitos da crise foram os agricultores familiares, que sofreram o impacto da alta dos preços dos insumos petroquímicos e das sementes. Em seguida, os consumidores que se quedaram atônitos diante das prateleiras dos supermercados. .
À medida que os lucros recordes eram batidos no mercado agroalimentar percebia-se que a bolha estava chegando ao seu limite. Os grandes investidores, que têm faro de Tiranossauro Rex e informações privilegiadas, pularam para as ações imobiliárias antes de a bolha alimentar estourar. E, creiam, saltaram daquela antes da crise financeira. Após a crise dos alimento veio a crise do mercado imobiliário com o colapso do Lehman Brother, seguido do Merril Lynch e a AIG, que desencadeou o efeito dominó atingindo a Europa. No rastro dessa onda veio o bloqueio do crédito e a forte sensação de insegurança financeira e insegurança alimentar global. .
Nos EUA tem início a execução hipotecária de mais de um milhão de residências. Juntos, Reino Unido, Espanha e França demitem 10 mil por dia. Na Espanha 1,2 mil perdem emprego por dia. As vendas de veículos despencam em 27% nos EUA. A saúde das bolsas oscila semelhante a doentes terminais. Os preços dos alimentos no mercado internacional estacionaram em um patamar elevado e ainda são acrescidos pelo preço dos transportes. O número de pessoas subnutridas eleva-se para cerca de 950 milhões. Na América Latina e no Caribe esse número avança para 51 milhões. .
O G20 reuniu-se em Washington, mas nenhum país se assumiu como pivô da crise. As decisões esbarraram na retórica de dar mais transparência e responsabilidade aos atores financeiros (os mesmo que causaram a crise) e na intenção de reforçar a regulação dos mercados (que o neoliberalismo desmontou nas últimas três décadas) e reduzir as práticas de risco no sistema financeiro (que nenhum banqueiro se prestará a fazer). O mais risível foi o resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI) como supervisor do sistema financeiro global, depois que levou à falência diversos países pobres e em desenvolvimento, com a orientação de liberalização dos mercados nacionais. .
As crises ainda não foram superadas, porque é sistêmica e estrutural, e deverão vir em ondas. Diante destes impactos, a democracia deve ser defendida de qualquer solução de força. O governo brasileiro tem a responsabilidade de orientar a população e desenvolver programas para amortizar os choques financeiros e alimentares que virão. A base exportadora deve ser diversificada com maior oferta de bens industriais e de serviços. .
A crise é uma chance para alterar o modelo de produção agrícola e abandonar o uso dos insumos petroquímicos e das sementes transgênicas. As cadeias agroalimentares devem ser libertadoras e não os grilhões dos agricultores. Os programas para a agricultura familiar devem ganhar a centralidade do modelo a fim de produzir mais alimentos. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve ser reestruturada e os estoques públicos de alimentos repostos e escoados no mercado para controlar o preço e evitar a especulação. O governo deveria desenvolver um programa de desenvolvimento tecnológico para o biodiesel com o mesmo tempo de maturação do programa Proálcool. Por fim, a política de produção de etanol deveria ser prioritariamente para uso interno, com controle social. .
Edélcio Vigna é assessor do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

UTILIDADE PÚBLICA!!!

AVISO IMPORTANTE!
Morreu Orlando. Brilhante advogado e pai da modelo Daniela Sarahyba, numa situação absolutamente igual ao que se vem repetindo, com freqüência dolorosa. Ele tinha uma casa e uma lancha em Angra. Ao sair na lancha com amigos, num domingo, levou na geladeira da embarcação latas de cerveja e refrigerantes. No dia seguinte, 2ª feira, estava internado numa UTI e morto na 4ª feira. Ele era um atleta, adorava a vida, e a vivia com intensidade. o exame cadavérico atestou leptospirosefulminante contraída na lata de cerveja que ele havia tomado, sem copo e sem lavar, no barco. O exame das latas atestou que estavam infestadas de urina de ratos,consequentemente de leptóspiras.
MUITO CUIDADO !!! AVISO AOS CONSUMIDORES DE BEBIDAS EM LATA: Toda vez que comprar uma lata de refrigerante, tome cuidado de lavar a parte de cima com água corrente e sabão, se possível, use bucha para lavar. Aqui em casa, é obrigatório lavar as latas com desinfetantes mesmo as que vão à geladeira. Uma amiga da família morreu depois de beber uma soda em lata. Provavelmente ela não limpou a parte superior da lata antes de beber, e a lata estava suja com urina de rato seca, que contém substâncias tóxicas e letais, inclusive leptóspiras, causadoras da leptospirose. Bebidas em lata e outros alimentos enlatados ficam guardados em armazéns que geralmente estão infestados de roedores , e posteriormente são transportados para as lojas de venda sem a devida limpeza. Complementando: Uma pesquisa do INMETRO confirmou que a tampa da latinha do refrigerante é mais poluída que um banheiro público. Segundo essa pesquisa, a quantidade de vermes e bactérias era tão intensa que eles sugeriam que se lavasse a tampa da latinha com água e sabão' .
Dr. Fabio Lopes Olivares
Setor de Citologia Vegetal, Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT);
Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB) Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF)
Av. Alberto Lamego, 2000 - Horto 28015-620
Campos dos Goytacazes(RJ) Tel: (24) 726..3838 / Tel(fax): (24) 726.3714

Exposição de presépios abre ciclo natalino do MAC em Olinda

Para comemorar a chegada do ciclo natalino, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - MAC recebe, a partir desta terça-feira, dia 9, a exposição “Os Presépios de Geninha”. A mostra, cuja abertura será às 20h, reúne peças da coleção particular da atriz pernambucana Geninha da Rosa Borges, adquiridas em várias cidades do Estado, em outras regiões do Brasil e no exterior.
Com 67 anos dedicados ao teatro, Geninha atuou em 63 peças e 10 filmes e dirigiu 21 espetáculos. Na exposição, o público poderá conferir um outro lado da artista: o de colecionadora. “Coleciono presépios desde sempre, é uma mania. Só faço questão de que todas as peças sejam artesanais e populares”, disse.
A coleção completa conta com quase 400 presépios. No MAC, estará exposta parte desse acervo, do qual fazem parte obras de artesãos de Caruaru, Tracunhaém e Petrolina, além de trabalhos oriundos de países como Japão, Tailândia, Estados Unidos, França e China. “Ganhei muitas peças de políticos e amigos, mas comprei a maioria em minhas viagens”, ressaltou Geninha.
A concepção dos presépios surgiu em 1223, em Greccio, aldeia próxima à Roma, quando São Francisco de Assis, querendo explicar aos humildes habitantes como nasceu Jesus, recriou seu nascimento em um bosque. A cultura dos presépios foi conservada nas igrejas franciscanas e se difundiu por toda a Europa latina e outros continentes.
Decoração - Na abertura da exposição, também será inaugurada a decoração de Natal da Praça Assis Chateaubriand, em frente ao Museu de Arte Contemporânea, criada pela artista plástica Ana Veloso. No local, haverá um concerto da Banda Coronel Zuzinha da Polícia Militar de Pernambuco. O MAC fica na Rua 13 de Maio, 157, Centro Histórico de Olinda.
Fonte:
CEPE

Duas oportunidades históricas

Dois eventos importantes estão programados para dezembro e janeiro: o Tribunal Popular e o Fórum Social Mundial. O Tribunal se reunirá este mês na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e colocará o Estado brasileiro no banco dos réus, pelo delito de criminalização da pobreza e dos movimentos populares. O outro evento, o Fórum Social Mundial será o primeiro após a eclosão da crise econômica que se abateu sobre o mundo capitalista.
Leia mais:
Fonte:
Correio da Cidadania

5 de dezembro de 2008

Confira!!!










Durante o "Arte em toda parte", o artista Lionel Pierre Léon Bossuyt estará expondo, no Blues Bar, sua nova coleção: "Bio Forma".

Serviço:
Blues Bar
Rua do Bonfim, 66
De 4 a 21 de Dezembro
das 18:00h as 23:00h

Veja as peças:

Site do Arte em Toda Parte:

Márcia Santa Cruz

Márcia Santa Cruz receberá uma homenagem na próxima terça-feira, 9/12, no Centro Luiz Freire em Olinda, às 19 horas.
Marcelo Santa Cruz, vereador olindense e seu irmão, levará a público um vídeo feito pelos amigos de Márcia no Rio. Na ocasião, amigos e admiradores darão o seu depoimento, com microfone aberto para o público.
Será divulgado também um vídeo em memória de Fernando Santa Cruz.
Encontro aberto a todo o público.
Por:
Uriano

4 de dezembro de 2008

Projeto incentiva consumo de verduras e hortaliças nas creches e pré-escolas do Recife

Não é de hoje que as famílias brasileiras encontram dificuldade para introduzir frutas, verduras e hortaliças na dieta das crianças. Com a diversidade e facilidade na aquisição das diversas guloseimas, doces e salgados, o sabor dos vegetais nem sempre agrada ao paladar de uma geração que se acostumou a fazer do chocolate, dos iorgutes, pipocas e bombons o padrão para aquilo que se considera apetitoso. Além disso, a dificuldade econômico-financeira por que passam diversas famílias impede a muitos a possibilidade de terem sempre à mesa alfaces, tomates frescos, cenouras, batatas, couves, chuchus, entre outros. E foi exatamente com o objetivo de reverter esta situação e favorecer o processo de formação de hábitos alimentares saudáveis junto a crianças de creches e pré-escolas da Cidade do Recife que pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizaram um estudo e, com base nos resultados, implementaram um trabalho educativo-pedagógico de intervenção nessa realidade
O projeto Formação de Hábitos Alimentares Saudáveis em Crianças de Creches e Pré-Escolas Públicas de Recife, coordenado pela professora Joseana Maria Saraiva, do Departamento de Ciências Domésticas da UFRPE, iniciou em janeiro de 2008 e engloba as ações do Programa Crescer, da empresa Pepsico do Brasil.
A pesquisadora, juntamente com estudantes dos cursos de Economia Doméstica da UFRPE e Nutrição, da UFPE, iniciou os trabalhos realizando uma pesquisa de campo com crianças atendidas em oito creches do Recife. O resultado desta pesquisa demonstrou que 90% dos meninos e meninas matriculados nessas instituições desconheciam diversos tipos verduras e hortaliças e não tinham o costume de utilizá-las em sua alimentação diária.
Na segunda etapa do projeto, foram implantadas hortas orgânicas dentro das instituições participantes da pesquisa. As hortas receberam cuidados das mães das crianças, sendo as frutas e verduras colhidas divididos entre as unidades de ensino e as famílias. Além disso, as próprias mães participantes foram incentivadas a levarem o conhecimento elaborado nas aulas para suas próprias casas, com o intuito de produzirem verduras e hortaliças em seu próprio quintal.
Num momento posterior, as crianças das oito creches e pré-escolas acompanhadas participaram de uma série de oficinas e encontros lúdico-educativos, ministrados pelos pesquisadores participantes do projeto. Os professores e auxiliares das instituições participantes também foram envolvidos nesse processo. Os encontros tiveram o objetivo de favorecer, de forma participativa e, principalmente, divertida, um maior contato com as verduras e hortaliças por parte dos meninos e meninas, visando o consumo das mesmas e a formação de hábitos higiênico-alimentares saudáveis. A última oficina foi realizada no dia 21 de novembro, na creche Sítio do Cardoso, na Madalena – um self-service de sanduíche natural.
“É importante ressaltar que durante todo este processo as crianças e suas famílias foram sujeitos na construção do conhecimento, participando ativamente todas as ações, e não apenas como meros espectadores”, destacou a professora Joseana Maria Saraiva.
Através de historinhas, filmes, jogos e palestras educativas as crianças atendidas pelo projeto foram tomando conhecimento sobre os diversos tipos de frutas, verduras e hortaliças. As oficinas de preparo de sanduíches naturais, saladas de fruta, sucos e o buffet de hortaliças ajudaram a quebrar a imagem negativa que algumas crianças tinham dos vegetais e favoreceram o consumo destes por parte dos infantes, tanto dentro das instituições de ensino como em suas próprias casas.
“Verificamos que, antes da pesquisa e das oficinas que fizemos, havia pouco conhecimento e aceitabilidade por parte das crianças em relação às verduras e hortaliças. Depois de nosso trabalho, verificamos que houve um crescimento no nível de informação e de consumo, fruto da metodologia utilizada e do caráter acadêmico-científico que damos ao projeto”, concluiu Joseana.
Ao todo, 800 crianças foram beneficiadas pelas ações do projeto.

Fonte: UFRPE

3 de dezembro de 2008

Dia de Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência


Por Rafael Negrão*




O Dia de Luta pelos Direitos das Pessoas com Deficiência, quarta-feira (03/12), foi marcado no Cabo de Santo Agostinho por um bate papo inclusivo promovido pela Superintendência de Apoio à Pessoa com Deficiência (SEAD), em parceria com o Governo Municipal, através da Secretaria Executiva de Programas Sociais. O evento aconteceu no Centro Social Urbano, na Vila Roca, das 9h às 11h e teve como obetivo discutir políticas públicas de acessibilidade no município. O encontro contou com a participação do Movimento dos Deficientes do Cabo, Ministério Público, Grupo de Idosos Vamos Renascer, Setor de Educação Especial e representantes de Secretarias. Na ocasião foi proferida uma palestra pelo advogado da Superintendência de Apoio à Pessoa com Deficiência, Augusto Barros, que teve como tema: "O Direito da Pessoa com Deficiência".Para a membro do Movimento dos Deficientes do Cabo, Josenir Maria da Silva, as políticas públicas têm avançado cada vez mais no município, além disso, a gestão municipal tem se preocupado com a inclusão social: "Hoje observamos que algumas escolas já têm rampas, que facilitam o nosso acesso, como também somos um dos primeiros municípios do Estado a criar um conselho para pessoa com deficiência", comenta.A coordenadora de Apoio à Pessoa com Deficiência da Secretaria Executiva de Programas Sociais, Julyana Lins, salienta que é de grande importância discutir com a população meios que facilitem a acessibilidade: "É necessário que as pessoas conheçam os seus direitos, porque a acessibilidade é um direito de todos", finaliza.


Edição: Tereza Soares
Fotos: João Barbosa
*Rafael Negrão é estagiário da Secretaria Executiva de Comunicação Social.

PE sedia encontro sobre alimentos

A contaminação de alimentos por resíduos de agrotóxicos é a temática do 30 Simpósio Brasileiro de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, que acontece hoje e amanhã, a partir das 8h, no Onda Mar Hotel, em Boa Viagem. Idealizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa, o encontro tem à frente a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária - Apevisa, da Secretaria Estadual de Saúde - SES.
O encontro, que contará com conferências e mesas-redondas, terá a participação de especialistas convidados, inclusive de outros países, como EUA e Chile. Espera-se a presença de 300 participantes. O auge do Simpósio será a apresentação da experiência pernambucana com o Programa de Monitoramento de Resíduos de Hortifrutigranjeiros. O programa tem a parceria do Ministério Público, que fiscaliza, controla e providência medidas de combate à venda e produção de alimentos - ao todo, são 17 frutas e verduras -, com resíduos de agrotóxicos.
Fonte: CEPE

2 de dezembro de 2008

Universalidade dos Direitos Humanos

Escrito por João Baptista Herkenhoff
Estamos às vésperas de celebrar o sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada que foi no dia 10 de dezembro de 1948. O momento é oportuno para que nos reportemos a outras cartas de direitos a fim de demonstrar quão universal é o grito humano por liberdade e justiça.

A "Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos" declara que todo indivíduo tem direito ao respeito da dignidade inerente à pessoa humana e ao reconhecimento de sua personalidade jurídica. Todas as formas de exploração e degradação do homem são proibidas. O espírito de fraternidade é referido como valor que deve reger as relações entre os homens. A "Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos" é marcada por uma constante valorização do coletivo, do comunitário, do social.

A Declaração Islâmica diz que todo homem nasce livre. Nenhuma restrição deve ser oposta a seu direito à liberdade, salvo sob a autoridade da lei e através de sua aplicação normal. A Carta muçulmana acrescenta que todo indivíduo e todo povo tem direito inalienável à liberdade sob todas as formas. Todo indivíduo ou povo oprimido tem direito ao apoio legítimo de outros indivíduos ou povos nesta luta. Toda pessoa tem o direito e o dever de defender os direitos do próximo e os direitos da comunidade em geral.

A ideologia dos Direitos Humanos encontra pleno acolhimento na Declaração de Direitos do Continente Americano. O princípio de que todo homem nasce livre e igual em dignidade e direitos, sendo dotado de razão e consciência, está consagrado na Declaração de Direitos das Américas. Da mesma forma, a determinação de que todos ajam, uns em relação com os outros, com espírito de fraternidade. A Declaração das Américas afirma que a proteção dos direitos essenciais supõe a criação de circunstâncias que permitam o progresso espiritual e material das pessoas, a fim de que possam alcançar a felicidade.

A Declaração Solene dos Povos Indígenas do Mundo é um poema à dignidade humana, à liberdade e à igualdade. É um protesto veemente contra a colonização e o genocídio:

"Quando a Terra-Mãe era nosso alimento,
Quando a noite escura era o telhado que nos cobria,
Quando o céu e a lua eram nosso pai e nossa mãe,
Quando todos nós éramos irmãos e irmãs,
Quando a justiça reinava sobre a lei e sua aplicação,
Então outras civilizações chegaram".
"Famintos de sangue, de ouro, de terra e das riquezas da terra,
Sem conhecer e sem querer aprender os costumes de nossos povos,
Transformaram em escravos os filhos do sol"
"No entanto, eles não conseguiram nos eliminar!
Nem nos fazer esquecer quem nós somos,
Eis que somos a cultura da terra e do céu,
Nós somos de uma ascendência milenar.
Mesmo que todo o Universo seja destruído,
Nós viveremos,
Por tempo mais longo que o império da morte".

É certo que a vigência de Direitos Humanos no mundo não depende só de Declarações solenes. Mas é motivo de esperança verificar que as mais diversas culturas proclamam a dignidade de todos os seres. Esse consenso pode indicar que existe um caminho, como estrela anunciadora de um tempo melhor.

João Baptista Herkenhoff é livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo, professor visitante de diversas universidades, magistrado aposentado e escritor.
Fonte:
Correio da Cidadania

128 casas nas comunidades V8 e V9 em Olinda

A dona de casa Maria das Dores Silva, 62, não tirava o sorriso do rosto. Ela foi a primeira moradora das comunidades de V8 e V9, em Olinda, a ganhar a casa nova graças a uma parceria entre os governos federal, estadual e municipal. Ela recebeu as chaves das mãos do presidente Lula, que esteve no local junto ao governador Eduardo Campos e da prefeita Luciana Santos, na manhã de ontem, para inauguração da primeira etapa das obras.
“Morava num lugar sem água encanada, sem luz, com bichos dentro do lar. Há muitos anos sonhava com minha casa própria. Pedi a Deus que Ele colocasse alguém na minha vida que pudesse me atender, e Ele me ouviu. Hoje é o dia mais feliz da minha vida”, disse a dona de casa.
Ao todo, foram construídas 128 residências - de um total de 661 - com saneamento, água e luz. Também fizeram parte dessa fase inicial os serviços de revestimento e alargamento de 800 metros do Canal da Malária e a pavimentação e drenagem de 11 ruas e acessos da região. As outras 533 casas, bem como a pavimentação de outras vias, a construção do canal da avenida Beira-Canal, áreas de esporte e lazer e a recuperação de 7,5 hectares de mangue estão inclusas na segunda etapa das obras.
O presidente Lula conheceu Maria das Dores durante uma visita que fez à comunidade, em 2006. “Eu disse a ela que iríamos começar a resolver o problema do V8 e V9, porque é inadmissível ter um canal com esse nome (Malária) entre a capital pernambucana e a cidade histórica de Olinda. A primeira parte está cumprida, mas a obra ainda não terminou”, disse o Presidente, que ressaltou a intervenção do Estado para efetivação da ação.
“Isso aqui não seria possível sem a parceria que construímos com o governador do Estado, se não houvesse a compreensão do Governo Estadual em pagar a contrapartida da Prefeitura de Olinda, que não tinha dinheiro. Isso é um grande sinal de que é extremamente possível a gente mudar a cara do Brasil do andar de baixo, a cara do Brasil dos pobres”, concluiu o presidente Lula.
Eduardo Campos explicou que as comunidades V8 e V9 são fruto “das pessoas expulsas pelo custo do aluguel no Recife, da exclusão de muita gente que veio do Interior em busca de trabalho, de oportunidade. Essa parceria - União, Estado e municípios - garantiu um conjunto de investimentos em Olinda como essa cidade nunca viu na sua história”, explicou.
“Estive num debate com a ministra Dilma, em que ficou clara a dificuldade que tinha a prefeitura de honrar a contrapartida de 10% do valor do PAC. O governo entrou, garantiu essa assinatura. É fundamental essa articulação em 2009, para darmos ritmo ao conjunto de obras do PAC, que vai gerar muito emprego”, afirmou o governador. As obras custaram mais de R$ 20 milhões, sendo cerca de R$ 2 milhões bancados pelo Governo do Estado.
CEF - Eduardo Campos aproveitou a solenidade para assinar dois contratos com a Caixa Econômica e a União para obras de ampliação de esgoto e abastecimento de água no Estado. Serão R$ 161,1 milhões, sendo R$ 98,44 milhões para serviços em 13 cidades: Afogados da Ingazeira, Agrestina, Aliança, Bezerros, Camaragibe, Caruaru, Escada, Garanhuns, Goiana, Igarassu, Olinda, Pesqueira e Timbaúba. A outra parte (R$ 62,66 milhões) irá beneficiar os bairros de Setúbal, Boa Viagem e Pina, no Recife.
Fonte:
CEPE

1 de dezembro de 2008

Alimentação escolar na pauta do Senado

Gleiceani Nogueira - ASACom
Após uma ampla mobilização que culminou com a aprovação do Projeto de Lei da Alimentação Escolar (PL 2877/2008) pela Câmara dos Deputados, em 5 de novembro, sociedade civil e órgãos do governo agora estão intensificando o diálogo com os parlamentares para aprovação final do projeto no Senado.
O PL da Alimentação Escolar atualiza o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que tem como objetivo atender as necessidades nutricionais dos alunos durante sua permanência em sala de aula, contribuindo para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendizagem e o rendimento escolar dos estudantes, bem como promover a formação de hábitos alimentares saudáveis.
Uma comissão formada por representantes do Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional (FBSAN), Articulação Nacional de Agroeocologia (ANA), Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e Associação Brasileira de Nutricionistas, além do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), está acompanhando permanentemente a tramitação da proposta no Senado.
A expectativa é que o projeto seja aprovado ainda este ano, tendo em vista o centenário de vida de Josué de Castro, que se destacou na luta contra a fome.
Dentre vários avanços, o projeto expande a merenda escolar para o ensino médio e para o ensino de jovens e adultos. Com isso, mais de 12 milhões de estudantes serão beneficiados. Outro aspecto inovador é a inserção da alimentação escolar no projeto pedagógico da escola, através de ações como as hortas escolares e até mesmo de visitas dos alunos às propriedades onde são produzidos os alimentos.
A compreensão da alimentação escolar como direito humano é um dos destaques do projeto também. Vanessa Schottz, secretária executiva do FBSAN, explica que o direito à alimentação escolar vai além da suplementação alimentar dos alunos no tempo da escola, ele implica que as crianças consumam um alimento adequado e saudável. "Essa alimentação tem que ser promotora de saúde, inclusive, respeitando os hábitos alimentares, a cultura dos alunos, e ela precisa ser produzida em base sustentável", conclui Schottz.
Além de fortalecer a política de segurança alimentar, o projeto prevê a articulação com a política voltada para a agricultura familiar, quando estabelece que 30% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar (FNDE), responsável pela merenda escolar, seja destinado à compra de alimentos de pequenos produtores, sem licitação.
"Por isso que um projeto como esse, quando ele coloca a questão da alimentação escolar na perspectiva do direito humano, quando ele articula a compra desses alimentos para o fortalecimento da agricultura familiar e da economia local, ele está na verdade articulando uma série de políticas, que vão para além da própria política de educação", afirma a secretária executiva do FNSAN.
Semi-Árido - A compra de produtos da agricultura familiar trará um impacto para o Semi-Árido, região que abriga o maior número de agricultores/as familiares do País. São cerca de 2 milhões. Além de dinamizar a economia local e gerar renda para as famílias, Vanessa Schottz acredita que o projeto irá mexer na cultura local, na medida em que haverá uma valorização dos alimentos regionais.
"Eu acho que a lei é importante, mas o processo posterior à lei será importante também que é: organizar a produção e estruturar as escolas. Por exemplo, a questão da água. Ela é fundamental. Tanto garantir água para que esses produtores possam produzir alimentos para oferecer às escolas, como nas próprias escolas, você ter água potável para as crianças e para a elaboração desses alimentos no ambiente escolar", ressalta Schottz.
Leia mais
Qualidade da alimentação escolar interfere no rendimento do aluno
Fonte: Assessoria de Comunicação da ASA

"O gênio silenciado"

Marcelo Torres
Um livro agradável, bem escrito e gostoso de se ler foi lançado pelo jornalista Vandeck Santiago há poucos dias no Recife (PE). Trata-se de "Josué de Castro, o gênio silenciado", uma grande reportagem biográfica sobre o 'sociólogo da fome'. É uma obra que traça um perfil humanizado sobre aquele que foi um dos brasileiros mais ilustres de todos os tempos.
A obra faz parte das homenagens que o país vem rendendo a esse cidadão do mundo, que em junho deste ano completaria cem anos de nascimento. Médico, escritor, cientista, sociólogo, político, geógrafo, intelectual e humanista, Josué foi um homem que enxergou adiante de seu mundo e de seu tempo.
O livro é um prato cheio de coisas interessantes sobre o homem que ousou falar de fome quando esse tema era um tabu. A obra traz entrevistas, reportagens, cronologia e fotografias, tudo temperado - às vezes até apimentado - com saborosos textos, que revelam inclusive curiosidades em torno da figura de Josué de Castro.
Para aguçar o apetite do leitor, o sumário é um cardápio variado, atrativo, gostoso, apetitoso. Como entrada, "Com vocês, Josué de Castro". Com pitadas de bom humor, Vandeck Santiago relata "Como Josué foi parar no Egito e outras histórias".
Outra delícia de narrativa é a que tem o título "Para deputado, o Gigante de Botas de Sete Léguas", uma espécie de 'causo' sobre a entusiástica campanha empreendida pelo poeta Ascenso Ferreira (1895-1965), em favor da candidatura de Josué a deputado federal.
Em "Dez pontos para vencer a fome", o repórter entrevista o presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), o professor Renato S. Maluf, que faz uma espécie de "atualização", ponto a ponto, das idéias de Josué.
Outras saborosas entrevistas trazem opiniões de Frei Betto, João Pedro Stédile, Ricardo Abramovay, Renato Carvalheira, Antônio Alfredo Telles e Anna Maria de Castro (filha de Josué).
Enfim, "O gênio silenciado" é comida, diversão e arte. É uma leitura que flui leve e saborosa, como se comêssemos um pé-de-moleque, um bolo de macaxeira ou uma peixada pernambucana na Veneza Brasileira.
Autor premiado - O jornalista Vandeck Santiago é repórter especial do Diário de Pernambuco. Na sua carreira profissional, ele trabalhou na revista Veja, no Jornal do Brasil e no jornal Folha de São Paulo.
Pela profundidade de suas reportagens, que seguem a linha investigativa, Santiago ganhou diversas premiações na área de jornalismo, entre eles uma edição do Prêmio Esso e duas edições do Prêmio Embratel (uma delas foi a reportagem especial que empresta o título ao livro).
Contato com o autor do livro:
vandeck.santiago@diariodepernambuco.com.br
Serviço
"Josué de Castro, o gênio silenciado"Autor: Vandeck Santiago
Edições Fliporto, Recife (PE)
Tamanho: 193 páginas
Valor: R$ 25,00
À venda nas Livrarias Cultura
Fonte:
Assessoria CONSEA

ÁGUA PRA GENTE

*por William Ferreira A água passa nos canos, mas não é para os canos. É para as pessoas, para os animais, para as lavouras, até mesmo...