22 de março de 2023

ÁGUA PRA GENTE

*por William Ferreira A água passa nos canos, mas não é para os canos. É para as pessoas, para os animais, para as lavouras, até mesmo para máquinas. Quando falamos da água produzida e fornecida através das tubulações, nos referimos aos aspectos técnicos como: topografia, geologia, engenharia, química, dentre outros, relacionados à complexa atividade de produção da água. A questão é: a água passa nos canos, mas não fica nos canos! Ela não é para canos, apesar da relação entre ambos (que podemos tratar em outra ocasião, explorando mecânica dos fluídos ou função e destinação final). E até mesmo, quando lá está (nos canos), há relação com o consumidor (sua razão de existir). Para a humanidade, o fornecimento de água é uma das necessidades básicas e sua história remonta a milhares de anos. Desde a antiguidade, as pessoas buscam maneiras de obter água limpa e segura. Os egípcios foram pioneiros na construção de sistemas de irrigação para levar água do Rio Nilo para suas plantações. Na Grécia Antiga, os aquedutos foram construídos para transportar água de fontes distantes para as cidades. Na Roma Antiga, foram construídos impressionantes sistemas de aquedutos que forneciam água para fontes públicas, banhos e residências. Durante a Idade Média, os sistemas de abastecimento de água se tornaram mais complexos, com o uso de moinhos e bombas movidos a energia hidráulica para fornecer água potável para as cidades. Na Inglaterra, foram construídos poços e sistemas de tubulações para fornecer água para as pessoas. No Brasil podemos citar a impressionante transposição do Rio São Francisco e, em Pernambuco a gigante Adutora do Agreste. Durante a Revolução Industrial, as cidades cresceram rapidamente e a necessidade de água limpa se tornou ainda mais crucial. As empresas começaram a construir sistemas de abastecimento de água que incluíam estações de tratamento para tornar a água potável e sistemas de tubulações para distribuir a água às casas e empresas. Hoje em dia, boa parte do abastecimento de água é uma responsabilidade dos governos e é feito por meio de empresas públicas. O processo envolve a captação de água de fontes naturais, como rios, lagos e aquíferos, tratamento para torná-la potável e a distribuição através de sistemas de tubulações. Mas, a reflexão que propomos é sobre como as empresas se relaciona com seus clientes e usuários, assim como, a maneira de pensar aspectos da sustentabilidade de sua ação. Neste sentido, estruturas institucionais nomeadas como programas sociais, responsabilidade social, mobilização social, gestão social, trabalho social, sustentabilidade são comuns nas empresas do ramo de água e esgoto no Brasil. Profissionais habilitados para a lida com gente, através de comunicação, educação, inclusão social e produtiva, participação comunitária, controle social, mediação de conflitos, compreensão cultural, estudos sociais são encontrados nesses setores das empresas de saneamento. E, no geral, eles desenvolvem os programas, projetos, ações, atividades que concretizam a gestão social das empresas, pautados, em sua maioria, pela Portaria nº 464/2018 MCidades. O que no geral é um trabalho técnico especializado, que requer bastante aplicação de ciência, conhecimento técnico e adaptação as mais diferentes realidades com as quais os profissionais se deparam e precisam suprir onde atuam. O desafio paulatino é reconhecer os mais variados fatos sociais ligados ao saneamento, dialogar com a população e apontar as melhores soluções. Visto que, se a dificuldade no semiárido brasileiro é abastecer comunidades isoladas e os seus centros urbanos. No norte do país, o desafio é fornecer a água potável. Ou ainda, suprir comunidades sem planejamento urbano, com as redes de abastecimento de água e redes coletoras do esgoto. Todos estes processos não exigem, tão somente, a construção de barragens, instalação de tubulações, construção de estações de tratamento. Elas necessitam de uma relação, por parte das empresas, cada vez mais próxima das pessoas, seus consumidores - clientes e usuários, com a finalidade de entender seus anseios, atender suas necessidades, gerar o menor impacto (social, ambiental, econômico, cultural e infra estrutural) possível. Mas, também, estabelecer uma relação dialógica e participativa com a comunidade. Considerando ainda o Novo Marco Legal do Saneamento (Lei nº 14.026/2020), e seus desafios de investimentos, regulatórios e tarifários, que pretende ampliar a cobertura de água para 99% da população e, 90% esgotamento sanitário para os imóveis. *William Ferreira é sociólogo, especialista em gestão de programas e projetos sociais.

ÁGUA PRA GENTE

*por William Ferreira A água passa nos canos, mas não é para os canos. É para as pessoas, para os animais, para as lavouras, até mesmo...