26 de fevereiro de 2009

Curso de DHAA

Curso a distância, via internet, que visa a contribuir com o protagonismo de pessoas, de profissionais e de instituições no processo de promoção e de realização do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA).
Os participantes serão motivados a desenvolverem iniciativas a partir da realidade em que vivem e trabalham, bem como contribuir para a criação e/ou fortalecimento de instituições e instrumentos para a promoção e o monitoramento da realização do DHAA, no contexto da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).
A iniciativa não tem custos diretos ao aluno, pois conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN), do Ministério do Desenvolvimento Social e combate à Fome (MDS), por meio do Projeto UTF/BRA/064/BRA.
1ª Edição
Na primeira edição, realizada em 2007, 5.232 pessoas pleitearam as 3.000 vagas disponíveis, representando 1.119 municípios brasileiros. A adesão dos participantes selecionados foi grande e ao final do curso 2.252 alunos/as foram certificados/as em 672 municípios, correspondendo 75% de aprovação. A avaliação do curso respondida por 2139 alunos/as apresentou dados onde 99% consideraram atendida a expectativa em relação ao conteúdo do curso e 85% atribuíram muita utilidade aos conhecimentos desenvolvidos no curso com relação a sua prática profissional.

19 de fevereiro de 2009

CARNAVAL OLINDA - PROGRAMAÇÃO



Brincante por excelência, Mestre Salustiano será o homenageado do Carnaval de Olinda 2009. Nasceu em Aliança, zona da mata Norte de Pernambuco, é considerado um dos grandes nomes do maracatu em Pernambuco. Fez do bairro Cidade de Tabajara sua casa e sede do Maracatu Piaba de Ouro, que fundou em 1977, e da Casa da Rabeca do Brasil. Era Patrimônio Vivo de Pernambuco e teve passagem marcada pela preservação do maracatu, do forró, da ciranda, do coco e de tantos outros folguedos populares.
A edição 2009 do Carnaval de Olinda traz, em cada ladeira do Sítio Histórico, uma lembrança daquele que foi Doutor Honoris Causa e Comendador da Ordem do Mérito Cultural. Diversos elementos da cultura popular, vivenciados por Mestre Salú, irão integrar a cenografia da cidade, assinada por Romildo Alves.
PROGRAMAÇÃO DO CARNAVAL, ACESSE:

Além da Rua, no Espaço Experimental


Local de comunhão das artes, que abriga o Grupo Experimental, a Cia. de Dança Artefolia, o Circo da Trindade e o grupo de percussão Quebra Baque, o Espaço Experimental será palco do pioneiro projeto ALÉM DA RUA! Localizado na Rua Tomazina, Recife Antigo, o Espaço vai ser um diferencial, "um quê a mais" no carnaval multicultural do Recife. O acesso gratuito será feito através de pulseiras-convites distribuídas pelos produtores aos foliões e turistas que estiverem brincando nas ruas do Recife Antigo, ou por meio de requisitação especial aos organizadores do evento. As vagas são limitadas e a programação incluí apresentações de dança e música típicas do ciclo carnavalaesco. No sábado de Zé Pereira, 21, e na segunda, 23, a Cia de Dança Artefolia e o Quebra Baque apresentam caboclinhos, afoxé, maracatu e frevo, com três seções em cada dia. No domingo e na terça-feira de carnaval, o Espaço servirá de concentração e ponto de encontro para o desfile do Quebra Baque, também com entrada franca. Durante todos os dias de momo, funcionará um bar, com comes e bebes. O Espaço também foi pensado para ser um local longe da multidão, mas ao mesmo tempo perto da folia e dentro do carnaval. Além da Rua é uma oportunidade única para conhecer as riquezas culturais do carnaval pernambucano, sem correria, mulidão e stress! Ainda na programação do projeto, um Baile à Fantasia ( só para convidados) na sexta-feira pós-carnaval, 27, vai comemorar os 15 anos da Cia. Artefolia e do Grupo Experimental, ao som de Dj's e da percussão do Quebra Baque.


Informações e convites para grupos:

Espaço ExperimentalRua da Tomazina, nº 1. Recife Antigo

Fone (81) 3224-1482

VIII Seminário Repensando o OP

A Escola da Cidadania do Pólis convida para o VIII Seminário Repensando o Orçamento Participativo (OP). Realizado desde 2001, a atividade tem como objetivo fazer um balanço do OP ao final de cada ano, refletindo sobre novos temas, avaliando os desafios e trocando experiências entre as cidades presentes. O curso é destinado a representantes de OP da população, da prefeitura e de movimentos sociais. Por isso, a sugestão de vagas é de que seja 4 representantes por cidade (2 da prefeitura e 2 população)Data: 07 de março - das 9h as 17hLocal: Instituto Pólis - Rua Araújo 124 - Vila Buarque - (próximo ao metrô República)Mais informações e inscrições: escoladacidadania@polis.org.br ou 11 2174 6805 (período da tarde).
Fonte:
Instituto Pólis

9 de fevereiro de 2009

Curso a Distância - DHAA

Estão abertas as inscrições para o curso a distância, via internet, que visaa contribuir com o protagonismo de pessoas, de profissionais e deinstituições no processo de promoção e de realização do Direito Humano àAlimentação Adequada (DHAA).Os participantes serão motivados a desenvolverem iniciativas a partir darealidade em que vivem e trabalham, bem como contribuir para a criação e/oufortalecimento de instituições e instrumentos para a promoção e omonitoramento da realização do DHAA, no contexto da Segurança Alimentar eNutricional (SAN).A iniciativa não tem custos diretos ao aluno, pois conta com o apoio daOrganização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e daSecretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN), doMinistério do Desenvolvimento Social e combate à Fome (MDS), por meio do Projeto UTF/BRA/064/BRA.
O curso é uma parceria da ABRANDH, que é responsável pelo conteúdo do cursoe Agére e tem como realizador o MDS.

5 de fevereiro de 2009

Guerra e fome

José Graziano da Silva

Gaza é o exemplo mais recente e destacado pela mídia de como a ação humana pode trazer graves riscos para a segurança alimentar, mas não é o único.
Quando a FAO foi criada em 1946 acreditava-se que a conjunção dos fatores paz e alimentos em abundância poderia garantir a segurança alimentar. Assim, terminada a Segunda Guerra Mundial, a organização nascia para fomentar a produção agrícola e garantir a segurança alimentar de todos.
Não por acaso, em 1949, o primeiro diretor-geral da FAO, John Boyd Orr, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. O reconhecimento da relação entre paz e disponibilidade de alimentos foi reforçado em 1970, quando o agrônomo Norman Borlaug, propulsor da Revolução Verde, também foi agraciado com o Nobel da Paz.
No entanto, a fome persiste. A FAO estima que no final de 2008 havia cerca de 963 milhões de subnutridos no mundo. Nunca antes foram tantas pessoas alimentando-se inadequadamente.
Em outra tendência preocupante, constata-se que o número de países em situação de emergência alimentar vem crescendo. Entre 1984 e 1997 nunca se registrou mais de 40 em um único ano. Desde 1998 sempre foram mais de 40.
Os dados da FAO mostram que a ação humana é, cada vez mais, a explicação para as emergências alimentares. Nos anos 80, era responsável por, em média, por menos de 10 emergências anuais, enquanto aquelas causadas por catástrofes naturais quase sempre superavam 30. Entre 2002 e 2007, a ação humana respondeu por cerca de 30 emergências alimentares por ano.
O conflito armado continua a ser a razão da insegurança alimentar na maioria dos países, particularmente na África. Mas cada vez mais o que está por trás da fome causadas pela ação humana são os fatores socioeconômicos - que podem ser internos como políticas sociais e econômicas deficientes, ou externos como a alta dos preços de alimentos importados.
De uma participação praticamente insignificante na década de 80 no total de situações de emergências alimentares de responsabilidade humana, os fatores socioeconômicos passaram a explicar pelo menos uma em cada quatro emergências a partir do ano 2000.
A região da América Latina e Caribe vive em paz há décadas, com a exceção do conflito interno na Colômbia. E, segundo os dados mais recentes da FAO, têm um excedente de alimentos (já descontada as exportações) que supera os 30%.
Teríamos, portanto, a condição necessária - paz - e suficiente - produção de alimentos - para garantir a segurança alimentar de toda nossa população. No entanto, 51 milhões de pessoas na região estavam subnutridas no final de 2007. Em 1990, eram 52 milhões.
O que chama mais a atenção é que depois de conseguirmos reduzir o número de pessoas com fome para 45 milhões em 2005, a alta dos preços dos alimentos em 2006 e 2007 nos fez perder praticamente todo esse avanço. E, provavelmente, a situação terá piorado ainda mais em 2008 com a crise econômica.
Que não tenhamos conseguido acabar com a fome na região é uma prova clara de que apenas a paz e a produção de alimentos não garantem a segurança alimentar. É preciso acrescentar uma variável para completar a equação: vontade política e ação decidida dos governos, provendo recursos efetivos para acabar com a fome.
Na edição de 2008 do informe O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (disponível em
http://www.rlc.fao.org), a FAO revela que de 77 países analisados, 16% não haviam tomado nenhuma medida normativa para enfrentar a alta dos preços dos alimentos. Segundo o documento, na América Latina e Caribe, quase um terço dos países não tomaram ações normativas com esse fim e muitos se limitaram a medidas defensivas e emergenciais, como a redução de impostos de importação.
O que estamos fazendo para ganhar a guerra contra a fome é pouco para reverter o descaso das últimas quatro décadas.
Desde a década de 70, muitos países em desenvolvimento desmantelarem sua infra-estrutura agrícola e reduziram a produção local de alimentos convencidos de que era mais fácil e barato comprar no mercado internacional alimentos subsidiados de países desenvolvidos.
O desenvolvimento da agricultura familiar perdeu importância nas agendas nacionais. O potencial produtivo desse setor foi sendo descartado e eles passaram cada vez mais a serem sujeitos de programas sociais e não de desenvolvimento.
Os recursos destinados à agricultura pela cooperação internacional também minguaram, caindo de 17% para 3% do total entre 1980 e 2006. Em termos reais, a queda foi de quase 60%, de US$8 bilhões para US$3,4 bilhões por ano (para acabar com a fome precisamos investir 10 vezes mais por ano).
Em épocas de crises agudas, a ajuda internacional passou a enfocar-se no imediato: doação de comida. Mas as emergências foram se estendendo ao longo dos anos e o que deveria ser uma resposta imediata para situações críticas, se tornou em muitos casos, uma solução permanente.
Mas sabemos o que é preciso para erradicar a fome na nossa região e no mundo.
Combater a desigualdade impulsionando políticas econômicas e sociais que promovam a inclusão e o desenvolvimento dos mais pobres. Melhores empregos e salários são essenciais para aumentar o acesso aos alimentos.
Apoiar a agricultura familiar para que ela possa tornar-se sustentável e rentável. Ela é parte da solução e não do problema, principalmente numa região na qual metade da população rural é pobre.
Destinar mais recursos para garantir o direito à alimentação para todos, o que implica em criar as condições para que todas as pessoas tenham os meios para satisfazer as próprias necessidades alimentares.
E, finalmente, fortalecer o marco jurídico da segurança alimentar. Atualmente, apenas Argentina, Brasil, Equador, Guatemala e Venezuela têm leis que asseguram esse direito. Outros 10 países da região debatem hoje o tema.
Em épocas de crise é preciso proteger os mais pobres e, para isso, leis de segurança alimentar são importantes. Em 2009, a FAO continuará dando seu apoio aos países nessa área através de ações como a implementação de uma Frente Parlamentar Latino-americana Contra a Fome, promovida pela Iniciativa América Latina e Caribe Sem Fome.
Sabemos o que fazer. Agora, só falta agir. E, para isso, falta o compromisso político de garantir os recursos necessários para acabar com a fome.
José Graziano da Silva é representante Regional da FAO para América Latina e Caribe.
Artigo originalmente publicado em 21 de janeiro de 2009 pelo jornal Valor Econômico.
Informações Lucas Tavares(56 2) 923 2176

3 de fevereiro de 2009

Trabalho Escravo: avanços e dificuldades

Patrícia Audi*

No Brasil, há variadas formas e práticas de trabalho escravo. O conceito de trabalho escravo utilizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) é o seguinte : toda a forma de trabalho escravo é trabalho degradante, mas o recíproco nem sempre é verdadeiro. O que diferencia um conceito do outro é a liberdade. Quando falamos de trabalho escravo, falamos de um crime que cerceia a liberdade dos trabalhadores. Essa falta de liberdade se dá por meio de quatro fatores: apreensão de documentos, presença de guardas armados e “gatos” de comportamento ameaçador, por dívidas ilegalmente impostas ou pelas características geográficas do local, que impedem a fuga.Todas as formas de escravidão no Brasil são clandestinas, mas muito difíceis de combater, tendo em vista a dimensão do país, as dificuldades de acesso, a precariedade de comunicação, as limitações de inspeção e as questões legais e institucionais.Apesar de diversas denúncias de trabalho escravo encaminhadas ao Comitê de Expertos da OIT desde 1985, o reconhecimento oficial do problema perante a Organização só ocorreu em 1995. Mesmo assim, o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a assumir internacionalmente a existência da escravidão contemporânea . Em 08 de março de 2004, o Governo Brasileiro voltou a ser pioneiro em declarar, agora perante a ONU, a existência de um número estimado de 25 mil trabalhadores escravos.Devido ao reconhecimento internacional dos esforços brasileiros em buscar o cumprimento do disposto nas Convenções nº 29 e nº 105 e na Declaração sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e seu Seguimento, a OIT e o Governo Brasileiro aprovaram o Projeto de Cooperação Técnica “Combate ao Trabalho Escravo no Brasil”, que iniciou suas atividades em abril de 2002. Com recursos da ordem de US$ 1.700.000,00, o principal objetivo do Projeto é fortalecer os esforços brasileiros na erradicação do trabalho escravo, atuando nas seguintes linhas básicas que direcionam suas atividades:Elaboração e doação ao MTE de um banco de dados sobre trabalho escravo, para que se pudesse conhecer e diagnosticar melhor o problema no país, com a identificação de regiões de incidência, aliciamento, nomes de responsáveis, atividades econômicas envolvidas, reincidência de casos e de trabalhadores.Lançamento de Campanhas Nacional e Estaduais buscando mostrar à sociedade que o problema da escravidão persiste, apesar de 116 anos passados da abolição da escravidão, e com isso envolver, não apenas instituições que atuem nacionalmente, mas também buscar parcerias nos Governos Estaduais e instituições locais para tratar da prevenção e combater o aliciamento de mão-de-obra.Lançamento do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo para que compreendesse uma estratégia nacional para a erradicação completa e não apenas de repressão, envolvendo metas, inclusive de prevenção e reinserção de trabalhadoresAtividades de Capacitação e Treinamento dos parceiros envolvidos na repressão, principalmente Ministério Público da União, Ministério do Trabalho e demais operadores do Direito, além de Ongs e Sindicatos.Atividades de Fortalecimento do Grupo Móvel, com a doação de equipamentos e apoio financeiro a outras atividades que facilitem a atuação dos agentes ligados à repressão.Nesses três anos de existência do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo, a OIT registra com satisfação que são inegáveis os avanços obtidos pelo Brasil na luta contra esta chaga. O Brasil é reconhecido internacionalmente, inclusive pela própria OIT, como um dos países que mais têm avançado no objetivo de erradicar o trabalho escravo.Existem inúmeros exemplos para ilustrar a posição que o País ocupa no cenário internacional. Em setembro de 2002 ocorreu a I Jornada de Debates sobre Trabalho Escravo, reunindo, no auditório do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília mais de 350 pessoas, entre Juízes Federais, Juízes do Trabalho, Procuradores da República, Procuradores do Trabalho, Policiais Federais, Policiais Rodoviários Federais e Fiscais do Trabalho. O evento pode ser considerado um marco na luta contra o trabalho escravo, pois a partir de sua realização diversas ações começaram a ocorrer em todas as esferas. Foi incentivada, por exemplo, a criação de grupos de trabalho de combate ao trabalho escravo no Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho e Ordem dos Advogados do Brasil.Dando prosseguimento às discussões iniciadas na Jornada foi referendado e lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 11 de março de 2003, o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, fruto das aspirações de todas as instituições que futuramente comporiam a Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo – CONATRAE, fundada em agosto de 2003. O Plano, de cuja elaboração a OIT participou ativamente, contém 75 metas de curto, médio e longo prazos que norteiam as ações em um período de quatro anos.O crescimento das atividades e ações contra o trabalho escravo levou, como era de se esperar, a um maior interesse da mídia sobre o tema. Entre 2001 e 2003, o número de notícias sobre o tema na mídia impressa aumentou em 1.900%. Os esforços nessa área prosseguiram com a Campanha Nacional de Comunicação na Câmara dos Deputados. Coordenada pela OIT a Campanha foi concebida, criada, produzida e veiculada de maneira voluntária por agências de publicidade e veículos de comunicação do País, somando um montante de cerca de US$ 7.000.000,00 doados à causa sob a forma de veiculação gratuita.Para nós, a atuação integrada entre todas as instituições nacionais que defendem os direitos humanos é fundamental para prosseguir na busca de resultados expressivos nesta luta. Por isso, sempre estimulamos a discussão do problema nos Estados onde é maior a incidência de trablho escravo, seja na utilização dessa mão-de-obra de forma ilegal, seja no aliciamento de trabalhadores. Além do Pará, já foram lançados planos estaduais no Maranhão, no Piauí e no Mato Grosso O Projeto promove também um processo de diálogo social, envolvendo organizações de trabalhadores e de empregadores.Uma das mais importantes e corajosas iniciativas nesta luta foi o lançamento das “listas sujas” do trabalho escravo. Já são 166 empresas cujos proprietários estão proibidos de receber recursos governamentais para o financiamento dos seus empreendimentos. O número de trabalhadores resgatados nunca foi tão grande, superando a marca de 10 mil pessoas; as condenações também aumentaram, bem como as multas aplicadas aos escravagistas.Um dos avanços mais importantes obtidos na luta contra o trabalho escravo foi a assinatura de um compromisso público pelo qual diversas empresas do ramo siderúrgico que atuam na região de Carajás, no Pará, se comprotem a não mais comprar carvão vegetal de empresas que comprovadamente utilizam mão-de-obra escrava. Tal compromisso, tendo como testemunhas a OIT, o Tribunal Superior do Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, foi assinado no dia 13 de agosto de 2004. O acordo foi intermediado pelo Instituto Ethos, parceiro permanente da OIT em sua missão no Brasil.Essa é a primeira etapa do envolvimento do setor privado, perseguida pela OIT e pelo Instituto Ethos, para que a responsabilidade social das empresas fale mais alto diante desses crimes contra os direitos humanos.Apesar de todos os avanços registrados, ainda persistem algumas dificuldades no caminho. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem acompanhado com atenção toda a luta contra esta prática no Brasil e os esforços da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE) para encontrar mecanismos de punição mais rigorosos contra os criminosos.Um desses instrumentos é a Proposta de Emenda Constitucional 438, que prevê a expropriação das terras de todos os proprietários que reconhecidamente utilizam mão-de-obra escrava. Apesar de todos os esforços das instituições que compõem a referida Comissão, a proposta ainda enfrenta forte resistência na Câmara dos Deputados daqueles que de alguma forma defendem a impunidade como forma de manter a escravidão no Brasil.No entanto, ações levadas a cabo por diversos dos parceiros engajados na lusta contra o trabalho escravo, provaram, na prática, que é possível, sim, punir com rigor os que ainda insistem em manter trabalhadores sob o regime de escravidão. De fato, a desapropriação para fins de reforma agrária, promovida pelo Ministério do Desenbvolvimento Agrário, de um empreendimento pertencente a um grupo empresarial que reincidiu várias vezes neste tipo de crime, mostra que a impunidade que normalmente anda de mãos dadas com esses maus empresários pode estar perto do fim.A desapropriação da fazenda Cabaceiras, localizada no Pará, abriu um importante precedente não só no combate à escravidão e à superexploração de mão-de-obra no Brasil como também para garantir a função social da propriedade e do processo de reforma agrária. Além disso, os estudos que estão sendo conduzidos a respeito da cadeia dominial de propriedades incluídas na “lista suja” do trabalho escravo mostram resultados importantes, apontando que, além de explorar mão-de-obra de forma aviltante, os infratores ainda estão grilando terras públicas.O envolvimento dos parceiros e a resposta da sociedade às notícias sobre trabalho escravo mostram que estamos no caminho certo e que muito daquilo que precisava ser feito, tem sido tratado com a responsabilidade e indignação que o assunto merece.

*Patrícia Audi é a coordenadora do Projeto de Combate ao Trabalho Escravo da OIT no Brasil

2 de fevereiro de 2009

Carrefour busca projetos para patrocinar

O Carrefour lançou o edital "Jovens em Transformação", e receberá até o dia 13 de março deste ano, inscrições de projetos voltados para a preparação e qualificação de jovens, entre 16 e 24 anos, para o mercado do trabalho. Serão escolhidos três projetos que, receberão individualmente um valor máximo de 83.000 euros, proveniente da Fundação Internacional Carrefour, para ser usado no prazo de um ano. É também necessário que a proposta contemple a geração de renda, de modo a garantir a auto-sustentação financeira do projeto também no médio e longo prazo. Os recursos obtidos com estes programas devem ser convertidos em benefícios e manutenção econômica da própria instituição, bolsa-auxílio ou em ajuda de custos para os jovens e suas famílias. "Decidimos apoiar esse tipo de projeto, porque acreditamos na capacidade de transformação dos jovens e valorizamos o trabalho das instituições que criam espaços e oportunidades para o crescimento pessoal e profissional desses jovens", declara o diretor do Instituto Carrefour, Antônio Uchoa. "Entendemos também que as organizações necessitam de ajuda para ampliar e melhorar seus resultados. Mas os projetos precisam contar com suas próprias fontes de recursos para que se mantenham ao longo do tempo e as mudanças sejam efetivas" afirma Uchoa. Os programas a serem inscritos devem prever um período mínimo comprovado de qualificação de dois anos. Para participar, os jovens devem estar cursando ou ter concluído o Ensino Fundamental e Médio e ser de uma família de baixa renda e situação de risco social, de acordo com os critérios previamente estabelecidos. Para a escolha dos trabalhos será formado um "Comitê de Seleção", com participantes indicados pelo Instituto Carrefour, que tenham comprovadamente experiência nas áreas de abrangência do tema e sem nenhum vínculo com as iniciativas inscritas. Poderão participar entidades sem fins lucrativos como associação, fundação ou cooperativa, que atuem diretamente em uma das cidades ou regiões metropolitanas previamente definidas: Manaus (AM), Fortaleza (CE);Brasília (DF); Vitória (ES); Goiânia (GO);Campo Grande (MS); Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba (MG);João Pessoa (PB); Curitiba, Londrina, Pinhais (PR); Recife (PE); Porto Alegre, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Canoas, Santa Maria, Gravataí (RS); Natal (RN); Rio de Janeiro, São Gonçalo, Niterói, Alcântara, Santa Cruz, Belford Roxo, Duque de Caixas, Campo Grande(RJ). As fichas de inscrição poderão ser acessados no site www.carrefour. com.br, no Menu Responsabilidade Social/Jovens em Transformação.O processo será efetuado por meio da análise do material de inscrição que poderá ser enviada, exclusivamente, pelos Correios até o dia 13 de março. Não serão aceitas propostas apresentadas por fax, e-mail ou entregues pessoalmente, ainda que dentro do prazo. O material deverá ser enviado para: Rua Paul Valery, 255 - Granja Julieta - CEP 04719-050 – São Paulo – SP. A/C "Responsabilidade Social - Jovens em transformação".

Fonte: GIFE

1 de fevereiro de 2009

Óleo de cozinha pode virar biodiesel

O óleo de fritura é utilizado e depois descartado em pias, tanques e esgotos. A etapa posterior a esse caminho trivial do resíduo de cozinha, no entanto, é desconhecida pela maioria das pessoas, que não imaginam ser o alimento uma da substâncias mais nocivas ao meio ambiente. Estima-se que é necessário apenas um litro do produto despejado para poluir um milhão de litros de água. A fim de reduzir o impacto ambiental causado pelo óleo, a pesquisadora do Departamento de Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco (DQ-UFRPE), Cláudia Bejan, desenvolveu um projeto de coleta e reciclagem do material, que pode virar até matéria-prima para biodiesel.
Inicialmente, o trabalho se tratava de um curso de extensão para jovens de uma escola da rede pública de ensino, onde aprenderiam a coletar e armazenar o óleo de cozinha. Idealizado em janeiro de 2008, o projeto foi posto em prática entre os meses de abril e junho deste ano. Após terem noções de sustentabilidade – empreendimento humano ecologicamente correto e economicamente viável, com o objetivo de preservar a biodiversidade –, os estudantes passaram a visitar casas, bares, restaurantes e outros estabelecimentos que lidam com alimentação, para recolher o material e conscientizar a comunidade sobre os impactos causados pelo óleo de fritura.
Durante a realização do projeto, surgiu a oportunidade de parceria com a Usina Piloto de Biodiesel do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), em Caetés, a 249 quilômetros do Recife, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Lá, o óleo recolhido pelos estudantes, através da reciclagem, seria utilizado na produção de biodiesel, que ainda está em fase de teste. De acordo com Cláuda Bejan, o aproveitamento do óleo de fritura é de 90%. Ou seja, de cada 100 litros de óleo de fritura processados, 90 são transformados em biodiesel.
Seja para evitar o derrame de material nocivo em fossas e esgotos ou para obter matéria-prima para produção de biodiesel, a coleta do óleo de fritura é imprescindível para atender as necessidades sustentáveis do presente. Segundo a idealizadora do projeto, Cláudia Bejan, a iniciativa é mais que necessária para a preservação da saúde dessa geração e das gerações futuras. “O óleo de fritura é, no meio ambiente, totalmente prejudicial ao seres vivos. Além de impedir a oxigenação da água, ele provoca o entupimento de fossas e esgotos, que enchem durante períodos de chuva, trazendo doenças para a população, polui rios e solos e provoca a morte de animais aquáticos. Para que isso não aconteça, não se deve descartar o óleo”, alerta a pesquisadora.
Proposta – A necessidade da conscientização da sociedade em relação aos cuidados com o óleo de fritura chamou a atenção da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco. Durante a solenidade de encerramento do projeto-piloto da professora Cláudia Bejan, surgiu, da secretaria, o convite de levar o trabalho para outras escolas da rede pública do Estado. A implantação do projeto está sendo estudada pela pesquisadora da UFRPE.

Fonte:
UFRPE
Para mais informações: 3320.6371 (Departamento de Química).

ÁGUA PRA GENTE

*por William Ferreira A água passa nos canos, mas não é para os canos. É para as pessoas, para os animais, para as lavouras, até mesmo...