23 de julho de 2008

Leia poema de Solano Trindade

Em comemoração ao centenário de nascimento de Solano Trindade - 24 de julho, o Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF) realiza recital especial nas Quartas Literárias, no dia 30 de julho, nos jardins do CCLF. Leia matéria completa no site do CCLF. Abaixo comentário de Delma Silva, do CCLF, poesia de Solano e homenagem de Pedro Américo.
"Poeta negro e comprometido com a mudança da condição de vida e de exploração dos negros. Pernambucano, boêmio...Entre outras coisas, Solano colocava no mesmo plano a necessidade de pão e de livros. Vejam abaixo o poema Gravata Colorida".
Gravata Colorida - Solano Trindade
"Quando eu tiver bastante pãopara meus filhospara minha amadapros meus amigose pros meus vizinhosquando eu tiverlivros para lerentão eu comprareiuma gravata coloridalargabonitae darei um laço perfeitoe ficarei mostrandoa minha gravata coloridaa todos os que gostamde gente engravatada..."
Solo para Solano Trindade
por Pedro Américo de Farias*
para Inaldete e Júnior, que me obrigaram a escrever
ler um poema de Solano metáfora à flor da ternura
ouvir cantar uns blues dançar cavalo marinho ao ritmo e sob a energia da voz de Memphis Minnie
sondar parentescos entre blueseiros e poetas negros de todo o mundo
abrir uma ponte para entender a poesia andarilha dos cantadores não apenas nordestinos ou brasileiros mas de bardos semelhantes perdidos e achados pelos cinco continentes
sensação que me põe em sintonia com o mundo que se move ao calor da luta pela expressão
conceito para mim mais próximo do sentido da liberdade
Solano Trindade sempre buscou imprimir à vida dicção humanista perpetuada em sua obra e na memória dos que com ele viveram e trabalharam
descobri Solano lá pelos anos setenta reuni em 78 ou 79, num Festival de Inverno (produzido por Paulo Bruscky, na Unicap) uma boa pá de gente negra, visões diversas da velha, da média e da jovem guarda
figurando tendências até dissonantes todavia unidas ao pé de uma idéia estudar a obra e a vida do poeta negro operário, ator, dramaturgo e ideólogo nascido no bairro de São José
vivencio os poemas de Solano em muitas e diferentes situações ora recitando, ora vendo recitar dramatizada ou simplesmente lida a sua boa e despojada poesia
curto a riqueza temática manifesta no conjunto de sua criação literária que inclui o texto e a encenação no teatro experimental do negro
de Solano me falava muito o amigo José Vicente Lima, que tive o prazer de conhecer por meio do filho Gustavo quem de fato primeiro me lembrou o poeta
por Solano percebi o entusiasmo que havia na pessoa de um Ferreira saudoso da militância naquele teatro
para Solano posso muitas vezes ver voltado o olhar da gente nova que na periferia do grande Recife esquenta o batuque e ferve no verso dito e cantado da própria poesia
batuque e verso apoiados na liberdade que o poeta negro, recifense e universal Solano Trindade, defendia e praticava na política, na poesia, no teatro, na vida.
*PEDRO AMÉRICO DE FARIAS é poeta.
Fonte: CCLF
Publicado em 23.07.2008

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