26 de março de 2008

CAMPANHA DIVIDIDA PT e PCdoB já divergem em Olinda

JORNAL DO COMMERCIO Publicado em 26.03.2008
em 26.03.2008

A disputa sucessória em Olinda, terceiro maior colégio eleitoral do Estado, expôs ontem as divergências internas entre o PCdoB da prefeita Luciana Santos e o PT do vice Paulo Valença sobre o principal programa eleitoral da gestão: o Orçamento Participativo (OP). Valença veio a público externar suas críticas ao OP e reafirmar sua pretensão de disputar a Prefeitura, quebrando um jejum de 16 anos do PT na cidade. Ao tomar conhecimento das críticas, Luciana Santos, que apóia a pré-candidatura do deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB), disse que "talvez o ambiente dessa movimentação de candidatura própria do PT, que é legítima, esteja marcando o esforço do vice-prefeito em afirmar algumas diferenças".
Segundo Paulo Valença, o OP olindense corre o risco de ser esvaziado e cair no descrédito da população porque não tem implementado a participação popular no formato em que a gestão do prefeito João Paulo (PT) vem fazendo no Recife. Valença se refere ao fato de o estágio de debate com o povo, sobre o destino dos recursos, não ser efetivado já na fase de planejamento das obras. O vice também reclama do "baixo" índice de execução das obras do programa. Segundo contabilizou, somente 33% delas já foram concluídas.
"Na formulação do nosso programa de governo estamos defendendo um modelo de OP como o que vem sendo feito no Recife, com a participação popular sendo exercida já na fase de planejamento das obras. O que nós temos aqui, onde, excluído o percentual que é destinado ao IPTU, e descontado os recursos utilizados nos serviços públicos, o restante (60%) é dividido com as 10 RPAs (Região Político-Administrativa) de Olinda, corre o risco de cair no descrédito da população. Precisamos recuperá-lo", advertiu.
Luciana confirmou as divergências entre PCdoB e PT sobre o Orçamento Participativo de sua gestão. Destacou, porém, que vem tratando de superá-las. "Felizmente a gente vinha tratado essas divergências de forma muito saudável. Mas talvez o ambiente eleitoral esteja marcando o esforço do PT de marcar algumas diferenças", concluiu. A prefeita ressaltou que o OP de sua gestão é reconhecido internacionalmente, principalmente pelo fato de não se restringir à questão do orçamento, mas incluir um conteúdo temático, como o racial e o da mulher. "O principal problema do OP, em Olinda, não é de ordem política. Mas de fundo objetivo por conta das limitações orçamentárias da cidade. Temos um orçamento muito pequeno e muitas demandas. Por isso é difícil garantir a execução de todas as obras", justificou, frisando que um dos caminhos que está sendo buscado para resolver isso é a inclusão de algumas obras no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
Paulo Valença informou que vem colocando esse debate no governo quando lamentou, por exemplo, a extinção da secretaria de Desenvolvimento Econômico. Segundo ele, esse tema precisa merecer atenção especial da gestão, o que não vem ocorrendo, na medida em que a prefeita decidiu transformar a secretaria em uma diretoria. Sobre sua pretensão de disputar a Prefeitura, Valença disse que está conversando muito sobre a proposta. "Temos a responsabilidade de não permitir um retrocesso em Olinda. A gente faz críticas mas também reconhece os avanços da gestão. E a última vez que disputamos (o PT) a Prefeitura de Olinda foi em 92. Está mais do que na hora de nos lançarmos. Partido que não coloca suas propostas não cresce", advertiu.

Um comentário:

Givanildo Amâncio disse...

A questão das propostas político-partidárias discutidas de frente são sempre doces desafios.
Chamo a atenção para força das expressões artístico-culturais na administração de conflitos. Imagina uma oficna de canto coral (coral relâmpago) antes de começar a reunião técnico-política estaria se investindo na reunião entre seres humanos cantantes. Na caminhada acho que as coisas ficaram interessantes.

ÁGUA PRA GENTE

*por William Ferreira A água passa nos canos, mas não é para os canos. É para as pessoas, para os animais, para as lavouras, até mesmo...