14 de janeiro de 2008

TECER RELAÇÕES É CONSTRUIR VIDA

Parabéns pela implementação deste blog. Bela iniciativa para abrir espaço de relações e vida.
A sociedade moderna, essencialmente múltipla em suas relações vitais, precisa ser estimulada a perceber a dinâmica dos seus valores e das suas representações em uma perspectiva crítica. “Ver mais para ser mais”, como diz o filósofo Teillard de Chardin. E ajunta: “ver ou perecer”.
A vida deixou de ter certezas para girar em torno de oscilações, rupturas e limites e fomentar mudanças. O confronto com os outros e com a realidade que nos cercam é o que nos mostra o poder de nossa liberdade consciente. É dela que extraímos nossa razão de ser. Isto não nos vem de alguma ideologia, mas sim da essência da vida, da força de valores e verdades construídos na comunidade.
Estamos vivendo a terceira grande revolução da história humana, depois da revolução da agricultura e da indústria. Este novo tempo é caracterizado pela sustentabilidade da vida, segundo a escritora Joana Macy. Neste contexto, somos chamados a colocar nosso olhar num horizonte histórico mais largo, onde as transformações sirvam de base e renovação fundante,”uma aventura essencial de nossa época”, como diz Macy.
É o que está acontecendo nos espaços periféricos mais carentes de nossas cidades. Moradores destes locais estão transformando sua dor em energia catalizadora de mudança das condições de vida na comunidade. “Felizes os que choram, porque haverão de rir” (Lc.6,21), numa alusão às palavras de Jesus. Não é consolação. Ele diz que precisamos transformar nossa dor – experiência de corpo e alma – em conhecimento e expressá-lo com sentimento.
É o que estão fazendo moradores de locais onde as notícias só davam idéia de violência:em São Paulo, músico brasileiro consagrado cria o Fórum Coral Mundial,vendo no canto coletivo uma forma de transformar as relações humanas; lá, também, se realizou durante uma semana o Dia da Consciência Negra realçando” diversidade e brilho da cultura periférica”; moradores da Rocinha, no Rio, promovem Semana de Arte Moderna da Periferia revelando “produção cultural refinada, não-panfletária, capaz de questionar a injustiça com a arma aguda da criação”, conforme Le Monde Diplomatique
Assim, os pobres estão aceitando e acolhendo a dura realidade de seus destinos, fundamentando seus caminhos de libertação e superando os limites de suas vidas no local em que vivem. Nasce uma nova forma de sociedade urbana. Isto é inclusão.

José Cavalcanti – 14.01.2008 – Consultor de empresa

Um comentário:

BLOG DO IDEAS disse...

Parabéns, nobre Mestre Cavalcanti pelas observações acerca das relações humanas, de forma que tu observas oportunidades que estão se apresentando e transcreves isso, nominando como INCLUSÃO.
Acredito nesse novo formato de desenvolvimento humano. Justifica-se assim, minha parabenização à você.

Abraços.

William Ferreira

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