10 de janeiro de 2008

Lançamento do livro Onze Negras homenageia única comunidade quilombola da região metropolitana do Recife


Por Sarah Werner
Na próxima sexta-feira (11), acontece o lançamento do livro Onze Negras – Comunidade Quilombola, desenvolvido, pela prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, através da Secretaria de Programas Sociais, e pela comunidade das Onze Negras, com o objetivo de resgatar a tradição do único grupo quilombola da região metropolitana do Recife. A abertura das atividades será às 18h, na Escola Prefeito José Alberto de Lima – Caic, no Centro, com a leitura de uma poesia de boas-vindas. A programação segue com apresentações dos grupos Capoeiratos, Dança Afro, Arte Educação Sentinela, Coco de Roda das Onzes Negras e de um grupo de maracatu. Durante o lançamento, os convidados poderão visitar stands e tendas com comidas típicas e artesanatos fabricados na comunidade e, é claro, conhecer e receber autógrafos das Onze Negras em uma tenda que será montada para a ocasião. Livros e camisetas também estarão disponíveis para a compra a preço simbólico. Toda a renda servirá para ajudar nas despesas relativas às atividades desenvolvidas pelo grupo. A festa também contará com a reprodução de um vídeo sobre a comunidade, leitura de trechos do livro, além da presença de autoridades do município do Cabo de Santo Agostinho, que farão considerações sobre o projeto. A organização espera, aproximadamente, 1mil pessoas para o evento. O projeto tem o objetivo de divulgar a história e a cultura dos remanescentes quilombolas do município, tanto para a comunidade externa em geral, quanto para as novas gerações de quilombolas da região. O livro ressalta a importância da influência quilombola na formação étnico-cultural do povo cabense e pernambucano, registrando aspectos da culinária, artesanato, dança e música desse grupo. "Isso ajuda a elevar a auto-estima da comunidade. Muitas crianças quilombolas se sentiam envergonhadas e desestimuladas a se engajarem nas atividades do grupo, devido ao preconceito existente em relação à cultura negra. A idéia surgiu para dar visibilidade social à comunidade das Onze Negras, estimulando a adesão e evolução da tradição quilombola no município" – afirma a secretária de Programas Sociais Edna Gomes, ressaltando a necessidade do incentivo por parte da sociedade civil e de empresas privadas ao resgate e manutenção da identidade da comunidade das Onze Negras. A comunidade das Onze negras é formada por mais de 486 famílias ascendentes de negros e negras de origem africana que migraram para o Cabo de Santo Agostinho, no início do século vinte, em busca de oportunidades na produção da cana-de-açúcar. No entanto, desde que introduzidos no sistema canavieiro, os representantes quilombolas pernambucanos sofreram opressões, desde a submissão a trabalhos forçados nos engenhos, até as atuais formas de preconceito e exclusão social. Tudo isso fez com que os quilombolas buscassem formas de subsistência que os afastaram de seus costumes tradicionais. Na tentativa de resgatar esses costumes, onze negras se destacaram e tornaram-se lideres da comunidade, por isso o nome. Essa liderança tem alcançado conquistas importantes no âmbito da assistência social e educação para o grupo. Hoje, a comunidade das Onze Negras compõe a Associação dos Moradores, Pequenos Produtores Rurais e Quilombola do Engenho Trapiche – AMPRUQUION, organização que luta pelo bem estar dos quilombolas. A história da comunidade quilombola das Onze Negras, retratada no livro, é marcada por lutas pela preservação da sua identidade cultural e pelo desenvolvimento de trabalhos de combate a toda forma de preconceito. "A comunidade das Onze Negras é símbolo de resistência, por lutar contra a herança escravocrata que dissemina o preconceito e fragiliza a harmonia do convívio social. Por isso, é importante lutar pela preservação desse grupo. Muitas intervenções governamentais foram e estão sendo feitas em pró desse objetivo, contudo é necessário que todos se mobilizem. Não podemos deixar que essa cultura seja apagada da memória do povo brasileiro." – exclama a secretária de programas sociais Edna Gomes.


extraído do site: http://www.cabo.pe.gov.br/noticias.asp?codigo=1108, em 10/01/2008

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